É muito TITITI do outro lado da poça...

A Viradouro já viveu dias melhores. Fundada em junho de 1946, a tradicional escola de Niterói escolhe seu novo presidente no próximo domingo durante eleição na quadra. Dois candidatos concorrem ao pleito. Um deles é Gusttavo Clarão, compositor que tem diversas vitórias de samba-enredo na agremiação. A outra chapa tem a liderança de Marcelo Deodato, que também tem forte presença na escola, onde exerceu o cargo de diretor administrativo. Ambos prometem dedicação para reerguer a Viradouro. Quem vencer terá muito trabalho pela frente.
Dos quase 64 anos de existência, a vermelha-e-braca permaneceu na elite do carnaval carioca, o Grupo Especial, por quase duas décadas ininterruptas. Porém, em 2010 o desfile foi aquém da tradição da escola de samba e bem abaixo dos padrões do carnaval. O resultado foi desastroso (última colocação) e o rebaixamento para o Grupo de Acesso, inevitável. Em maio, muito pressionado, Marco Lira renunciou ao cargo de presidente.

Além de perder prestígio, a Viradouro acumula inúmeras dívidas com fornecedores. Estima-se que os valores podem chegar a R$ 4 milhões. Para honrar os compromissos e preparar um desfile que lhe credencie a voltar ao Grupo Especial, os dois candidatos afirmam ter o apoio de empresários que colaborem com a agremiação.

- Conheço bem a Viradouro e tenho parceiros empresários que ajudarão. Quero conciliar o pessoal antigo, que deixou a escola, e os novos amigos. Estou tentando uni-los. A comunidade da Viradouro sempre pediu para que eu voltasse. Frequento a escola desde pequeno e caso seja eleito farei de tudo para colocar a Viradouro no lugar de onde ela não deveria ter saído, que é o Grupo Especial. Será um desafio, mas gosto da escola e confio no talento dos sambistas - afirmou Gusttavo, que no último carnaval assinou o samba da Mangueira.
O discurso da outra chapa não é diferente. De acordo com Marcelo Deodato, a escola precisa do apoio de pessoas que tenham situação financeira para investir no carnaval. No início do mês, o grupo conseguiu se destacar ao conseguir um local no bairro do Santo Cristo, Zona Portuária do Rio, para guardar os chassis dos carros alegóricos, que precisavam deixar o barracão na Cidade do Samba, já que a agremiação não pertence mais ao Grupo Especial.
- Conversei com alguns empresários ligados ao Eike Batista e eles me garantiram que estão dispostos a colaborar com a Viradouro caso a minha chapa vença a eleição - afirmou Marcelo.
Os sócios beneméritos, fundadores, ex-presidentes e componentes que tenham desfilado pela Viradouro nos dois últimos anos têm direito a voto.